05/01/2012

É Urgente...


É URGENTE

Escrever um poema
Nas ondas para que
Elas o façam, vaga a vaga.
Ler ao mundo
Sedento de Amor.
É urgente
Que o poema chegue
Até toda a gente…
Dos marinheiros
Mulatos (as) nas senzalas
Carregadores de sonhos
Moribundos da dor
Doentes na infelicidade
Pescadores mineiros
Áqueles que combatem
Sem e nem porquê…
Porque caem
Como folhas de Outono
Antecipando Invernos tristes
Há chegada da Primavera
- uma volta sem-fim
Na roda da Vida
Esperança amarga
Da perfeição medíocre
A que o homem
Vaidosamente chama civilização
É urgente
A coragem de modificar
As linhas gastas
Em vozes dispersas
Que o egoísmo disfarça
…Urgente é
Um acordo entre o homem
Pó e o ser imortal.
Na estreita porta da Vida
Aguardo as frases
Do poema; todos o havemos
De escrever um dia
E amanhã o vamos
Declamar em voz
De ternura ás gerações
Lactentes de paz.
É urgente
Também a dor
O tratado divino
Do ser com a forma
Altruísta
Do não ser
Na procura incessante
De um bálsamo
Redentor…
Por gestos e desejos
Arruinados de morte.
É urgente
Que eu acorde
E te chame
Para unidos com o mundo
Levarmos uma
Letra do poema
Da vida
A cada ser
Que encontrarmos.
Seria maravilhoso
Cada um de nós
Ter uma palavra
Do poema
Na curta existência
Ilusória de palavras
Também
É importante que eu não
Acabe com as frases
Ocultas de mim…
Vagueando por estações
Incompletas

(Joaquim Carlos

03/08/2008

Chove...



Molha-se a alma de um pobre
Que não tem onde se abrigar
Outrora viveu bem; foi nobre
Hoje, sabe o que é mendigar

Ocorre-lhe à memória apagada
De anos duros e angústiosos
Dias frios...até de geada,
Lembranças de braços saudosos

Que tudo construíam e nada temiam
Hoje, resta-lhe esperar a morte
Sonhar não ter mais frio…

Que ser mendigo foi só a sorte
De esperar encontrar no vazio
Aquela libertadora... (MORTE)

01/05/2008

Improviso_1




Na tua voz cristalina
Existe a diversidade
Policromática da cor;
Em cada sílaba,
A harmonia convicta
Da pura liberdade feminina
Na tua voz de silêncio
As tuas palavras,
Sorrindo, me encantam.
No teu cabelo
De fios em ouro
Repousam lembranças
De infãncias futuras
Indiferentes e cuidadas
Em sonhos inconscientes
De dávidas de amor
Nos integrantes
Teus olhos
Brilham espaços
De verdade e rigor
E, na graça natural
Floresce a simplicidade
Influente do teu querer
Nobre, belo
Em profundezas de mar
E preciosas paisagens
Dos angélicos
Lábios teus
Incógnitos, molhados
De primaveras
Por vir,
Também serenos, então
Viajam nublosas
Em fragmentos
Hoje distantes

J.Carlos

26/04/2008

Quotidiano sem amanhã


Aquela vaga

Rebentou

No meu olhar...


Mil pensamentos

Desfez

Lentamente,


A ansiedade cresceu,

Longe, replecta

De Abandono


Pela memória intermitente

De um fogo

Não extinto a tempo...


E


Minhas palpebras

Se fecharam, resiganadas

Como o vento


O mar e eu.



J.Carlos

25/04/2008

Quotidiano sem amanhã




Era de dia
E eu não via.
- Não!
Ver eu não queria:
Era demais
Toda a verdade
Misturada no ar,
Estampada
No olhar
Da multidão
Que passava
Sem nada fitar
Se não seu pensar,
Senão mesmo
A verdade própria
Que não se vê,
Não se mostra
Mas que se entende.
Tão tarde
O que viam e
Entender não queriam
Eram gestos gastos
Subentendidos,
Quanto a realidade
Repugnante de um todo –
- Verdade única.



J.Carlos

Criança



Riso desfeito em lágrimas de alegria
Flor na mão,
Barriga vazia…
Choro e desilusão
Primavera no coração
Boca que não mente
Sem carinhos nem pão
E, olha a Vida de frente
No sorriso de fé,
Brilham olhos baços de esperança
Ora chora
Ora ri…
Nem se importa
Ser Criança




Joaquim Carlos